Sangramento anormal + Histeroscopia
Miomatose Uterina
Miomas são tumorações benignas da parede uterina. Em português: são dobras ordenadas do músculo , sem risco de transmissão, metástase ou ameaça direta à vida.
Classificamos eles em 3 tipos:
- Mioma subseroso- cresce para fora da cavidade uterina, em direção a pelve. Não é responsável por aumento de fluxo menstrual ou cólicas, mas pode, quando muito grande, promover desconforto/ dor;
- Mioma intramural- fica dentro da parede muscular uterina. Pode, conforme volume e resposta individual, promover cólicas e sangramento uterino anormal;
- Mioma submucoso - cresce para dentro da cavidade uterina e, assim como o intramural, pode ser responsável por sangramento uterino anormal.
Nem sempre é preciso tratar cirurgicamente a miomatose. Quem define necessidade de tratamento ou não são os sinais, sintomas e o período da vida da mulher. Ecografias gratuitas (pedidas sem razão) podem induzir a procedimentos desnecessários e intercorrências. Converse sempre com um ginecologista de verdade (com título pela FEBRASGO)!
Adenomiose
“ A adenomiose caracteriza-se pela existência de endométrio na intimidade do miométrio além de 2,5mm de profundidade ou no mínimo um campo microscópio de grande aumento distante da camada basal do endométrio circundado por hiperplasia das células musculares.” (FEBRASGO)
Em português: adenomiose é a implantação do tecido que ficaria dentro da cavidade uterina no meio da musculatura uterina.
A adenomiose é assintomática em cerca de 35% dos casos. Sangramento menstrual abundante e prolongado e presença de dismenorréia (dor no período menstrual) ocorrem na maioria das pacientes.
A investigação apropriada é algo complexa, mas o diagnóstico presuntivo pode ser feito com exame simples de imagem (ecografia) e anamnese adequada (história completa). O tratamento depende dos sintomas e sinais apresentados. A histerectomia (retirada do útero) é realizada apenas em casos mais graves, sem resposta aos tratamentos habituais (em geral, hormonais, como a implantação de um sistema intrauterino com progestagênio).
Portanto: sangramento menstrual volumoso, dor na menstruação e dores inespecíficas no baixo ventre devem ser investigados com seu ginecologista que irá propor o tratamento apropriado!
Sangramento uterino anormal
Dúvidas diversas a respeito de sangramento são motivo frequente de consulta.
Entender a diferença entre menstruação e sangramento de privação é o primeiro passo:
A mulher que usa contracepção hormonal (pílula, injeção, anel, adesivo) pode sangrar - ou não- quando priva seu organismo do hormônio que usa.
As mulheres que usam contracepção hormonal contínua (pílulas combinadas, pílulas só com desogestrel, injetáveis trimestrais, Sistema Intrauterino) podem ter sangramentos de escape que variam em frequência e volume.
Quem não usa contracepção hormonal tem, habitualmente, sangramentos cíclicos e esses, sim, são a clássica menstruação.
Existem sangramentos relacionados, ainda, a lesões do colo uterino e traumas locais. Esses últimos podem aparecer subitamente , após uma relação sexual, por exemplo, e devem ser avaliados com exame ginecológico apropriado.
Histeroscopia
A histeroscopia é um procedimento ginecológico que tem como objetivo avaliar a cavidade endometrial (parte interna do útero) e tratar algumas condições ao mesmo tempo.
Mulheres com sangramentos anormais (volumosos, erráticos), sangramento na pós menopausa e mulheres com dificuldade em gestar são as principais candidatas a esse procedimento.
A boa investigação começa com uma ecografia pélvica transvaginal que pode balizar a conduta clínica e promover (ou contra-indicar) a histeroscopia.
Um detalhe importante (tão importante que está longe de ser um detalhe) : se a mulher não apresenta nenhuma alteração clínica e não está investigando nenhuma condição específica , não há indicação de ecografia pélvica!
Exames mal indicados geram procedimentos desnecessários!!!!