Menopausa e Climatério
Como funcionam as consultas de acompanhamento na fase da menopausa?
Após a primeira avaliação, que engloba, em geral, a consulta inicial e o primeiro retorno, as consultas se desenrolam conforme o desejo e a necessidade da paciente. Se alguma terapêutica é implementada, uma nova consulta, em cerca de 30 dias, é conduta habitual. Após, seguem consultas periódicas de revisão (semestrais, habitualmente, para reavaliação, exame físico e exames complementares , quando necessários).
Mas (a experiência mostra) a consulta também tem valor terapêutico!!! Conversar com seu médico, ser escutada, compreendida e orientada conforme sua necessidade, ter seus sintomas e sinais avaliados precocemente por alguém que saiba como valorizá-los (ou não) e conduzir com a melhor conduta terapêutica é o diferencial que você deve procurar.
No consultório, por vezes, recebo mulheres que receberam o tratamento medicamentoso apropriado, mas que tinham queixas, dúvidas e sensações que não foram devidamente acolhidas pelo médico que prescreveu.
Menopausa precoce
Se a menopausa ocorre antes dos 40 anos, há questões a serem investigadas e discutidas:
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Há alguma doença sistêmica promovendo essa alteração?
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Há desejo de Gestar?
Se houver, ovodoação é a possibilidade melhor documentada. Há estudos com terapêuticas inovadoras, mas os resultados ainda não são consistentes.
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Há sinais ou sintomas de diminuição de estrogênio?
Fogachos, alterações de humor, alterações Genito-urinárias podem ocorrer e devem ser bem avaliadas.
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Há indicação ou contra-indicação para uso de terapia hormonal?
Se não houver contra-indicação, o uso da terapia hormonal é , habitualmente, adequado. Além de melhorar sinais e sintomas, promove a prevenção de algumas condições como osteoporose e doença cardiovascular em mulheres mais jovens.
Como sempre, conversa, informação e investigação apropriadas ajudam a mulher a atravessar essa condição da melhor forma!
Síndrome Genitourinária da Menopausa
É o conjunto de sinais e sintomas resultantes da diminuição do estrogênio no trato genitourinário feminino.
Tem prevalência bastante alta, chegando a mais de 80% das mulheres pós-menopáusicas em alguns estudos.
Identificar esses sinais e sintomas é fundamental para instituir o melhor tratamento : secura vaginal, dispareunia (dor na relação sexual), infecção urinaria de repetição, prurido (coceira), ardência local são os os mais comuns e tendem a ser progressivos. Essas alterações trazem à mulher piora em vários aspectos de sua vida, desde dificuldades relacionadas a sua sexualidade, alterações em seu relacionamento amoroso até alterações de sono e piora de qualidade de vida.
Algumas mulheres não conversam a respeito com seu ginecologista, guardam para si as queixas, crendo na máxima infeliz “é coisa da idade”…
Há tratamentos para GSM e há melhora substancial quando tratada.
A publicação da Sociedade Norte Americana de Menopausa (NAMS) é uma revisão dos tratamentos disponíveis e as evidências científicas de cada um.
Em síntese:
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Lubrificantes e hidratantes vaginais são recomendados e funcionam em mulheres com sintomas leves.
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Para mulheres com sintomas moderados a severos, estrogênio vaginal
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Dehidroepiandrosterona vaginal e ospemifeno (esse ainda não temos no Brasil) também funcionam.
As “energy-based Therapies” como laser e radiofrequência ainda estão sendo estudadas e precisam de mais evidência para justificar sua utilização! Produtos fitoterápicos, ácido hialurônico e creme de testosterona também não apresentam evidência científica.
Fogachos
Os sintomas vasomotores (calorões e suores noturnos) são extremamente comuns no período da vida
que envolve a menopausa.
A baixa de estrogênio faz com que o centro termorregulador (que fica no cérebro) fique confuso e os limiares para frio e calor se alterem. Graças a isso, a mulher experimenta uma súbita sensação de calor associada a um mal estar.
A reposição de estrogênio é o tratamento comprovadamente eficaz. Há mulheres que não podem ou não desejam estrogênio... As terapias alternativas são feitas com drogas de ação central (agem no cérebro e tentam corrigir essa distorção).
Há muita falácia com relação a “hormônios naturais “ e “bioidênticos”. Cuidado com as prescrições mirabolantes e que não têm respaldos científico, ético e legal! Sempre converse com um especialista atualizado e adequado e desconfie de quem tem fórmulas mágicas!
E as medidas preventivas?
Essas são sempre aplicáveis:
-Abandonar o tabagismo
-Controlar a ingestão de álcool
-Adotar uma dieta balanceada
-Diminuir a ingestão de ultraprocessados
-Praticar atividade física com boa periodicidade e com supervisão, preferencialmente
-Consultar seu ginecologista periodicamente
-Fazer uma avaliação com cardiologista
-Fazer avaliação com proctologista (colonoscopia)
-Adquirir informação em fontes confiáveis!!!